Santo Antônio, o santo casamenteiro, celebrado no dia 13 de junho, é, também, o santo padroeiro da cidade de Governador Valadares. Mas você sabe o porquê disso?
Continue aqui no texto e fique por dentro dessa história!
O que é um santo padroeiro?
A tradição de uma cidade ter um santo padroeiro remonta a tempos antigos… Tem origem na colonização cristã do Brasil, nas tradições dos nossos colonizadores europeus e na devoção aos santos.
A prática de homenagear e pedir a intercessão dos santos é comum na religião católica, onde cada santo é associado a uma área específica de proteção ou intercessão.
Acredita-se que a escolha de um santo padroeiro para uma cidade tenha surgido como uma forma de fortalecer os laços religiosos e promover a união da comunidade em torno de uma figura sagrada. A cidade adota o santo como seu protetor e o celebra anualmente com festividades e procissões.
Isso também acontece em Governador Valadares, onde Santo Antônio é celebrado por 13 dias seguidos, desde o dia 1º de junho, sendo o dia 13 (dia de Santo Antônio) considerado feriado municipal.
A seleção do santo padroeiro de uma cidade pode ter diferentes motivos e histórias por trás. Alguns santos padroeiros são escolhidos por causa de sua associação com a história ou a tradição local, enquanto outros são selecionados com base nas características e atributos que representam.
Essa tradição também está relacionada à crença de que o santo padroeiro intercede pelos habitantes da cidade, protegendo-os de perigos e trazendo bênçãos e prosperidade. É um símbolo não apenas de fé e devoção religiosa, mas uma manifestação que permeia a vida da comunidade e promove um senso de identidade e pertencimento.
Assim, ter um santo padroeiro é uma maneira de expressar a cultura de uma cidade, mantendo viva a tradição e a história dessas pessoas. É uma forma de honrar a história e a espiritualidade de um local, conectando gerações passadas, presentes e futuras em uma celebração de fé e união.
Mas porque o padroeiro de Valadares é Santo Antônio?
As histórias sobre a cidade de Governador Valadares envolvendo o nome de Santo Antônio são diversas, e vão além do cunho religioso.
Uma delas vem de antes da colonização da região, no momento em que a expedição de Fernandes Tourinho sobe pelas margens do rio Doce até chegar no Rio Santo Antônio. O nome do rio passou a povoar o imaginário das pessoas que começavam, aos poucos, a chegar à região.
Esta região ainda não era povoada, como uma forma de proteção à região (e às riquezas) de Diamantina. As margens do Rio Doce só começaram a ser colonizadas por volta de 1755, ainda no período colonial do Brasil.
Neste período, foram criados diversos quartéis para guardar a região e começaram a surgir pequenos povoados próximos a esses quartéis. Um desses povoados foi chamado de Figueira que, ao ser reconhecido como distrito, passou a se chamar Santo Antônio da Figueira. Olha aí o nome do Santo de novo!
Além disso, em 1886 foi erguida, na até então Santo Antônio da Figueira, uma pequena capela em homenagem a Santo Antônio de Pádua. Entre 1910 e 1914 esta capela foi reconstruída, tornando-se sede da Paróquia de Santo Antônio da Figueira do Rio Doce.
Depois de 10 anos, em 1924, a Irmandade de Santo Antônio construiu um templo maior que em 1956 se tornou a Catedral de Santo Antônio de Pádua. Segundo algumas fontes consultadas, a Catedral de Santo Antônio abriga um relicário contendo partículas de ossos do Santo.
O nome de Santo Antônio sempre esteve tão presente na vivência religiosa dos Valadarenses que sua presença é marcada, também, no brasão e na bandeira da cidade.
Na parte superior do brasão (que fica no centro da bandeira) podemos ver uma cruz de 3 pontas, conhecida como “Tau”. Esse símbolo é relacionado com a letra grega “tau” e se tornou um símbolo religioso dedicado a santo Antônio e também a São Francisco.
O “tau” está presente na bandeira, não pelo seu cunho religioso, mas pelo fato de Santo Antônio ter sido o nome (topônimo) da cidade de Governador Valadares em seu nascimento, em 1888.
Por essas e outras razões, Santo Antônio foi escolhido como padroeiro de Governador Valadares.
E quem foi Santo Antônio?
Há muitos séculos, entre os anos de 1180 e 1190, nasceu em Lisboa um jovem com um destino extraordinário! Seu nome de batismo era Fernando de Bulhões e Taveira de Azevedo. Desde cedo, ele sentiu o chamado religioso e, aos 15 anos, ingressou na Ordem dos Agostinianos.
Por volta dos 25 anos, já em Coimbra, foi ordenado sacerdote e decidiu se juntar à Ordem dos Frades Menores, fundada por São Francisco de Assis. Sob o nome de Antônio, ele viveu de maneira simples entre os frades, dedicando-se à oração e aos estudos.
Mas foi quando teve a oportunidade de substituir um pregador em uma grande festa que sua verdadeira vocação se revelou. Com uma oratória cativante e um conhecimento profundo das Sagradas Escrituras, Antônio se tornou o pregador oficial dos Franciscanos.
Suas palavras encantavam e tocavam os corações dos fiéis, e assim, ele se tornou famoso por suas pregações inspiradoras.
Ao longo de sua vida, Santo Antônio realizou inúmeros milagres e viveu uma vida de penitência e devoção. Após seu falecimento prematuro, que aconteceu em Pádua, em 1231, seu corpo foi sepultado em uma basílica que se tornou um local de peregrinação para os fiéis.
Menos de um ano após a sua morte e com mais de 50 milagres comprovados pelo Vaticano, o papa Gregório IX canonizou Santo Antônio. Mais tarde, o Papa Pio XII o declarou Doutor da Igreja em reconhecimento à sua importância e sabedoria.
Ele se tornou o padroeiro de Pádua e de Lisboa, cidades que o veneram até hoje. Assim, a figura carismática e inspiradora de Santo Antônio perdura ao longo dos séculos, como um exemplo de fé e amor ao próximo.
Imagem e representação de Santo Antônio
Os santos, na fé católica, são intercessores e exemplos de vida. Por isso, suas representações costumam trazer símbolos que nos contam um pouco da sua história.
As imagens e representações de Santo Antônio sempre trazem alguns símbolos, como o lírio, um livro e uma criança em seu colo. Mas o que esses símbolos significam?
Santo Antônio foi contemporâneo de São Francisco de Assis e se tornou membro da Ordem Franciscana. Em sua imagem, podemos observar o hábito marrom, típico da Ordem, que simboliza sua profunda fé em Jesus e seu desapego à vida mundana.
O livro que o Santo segura representa o Evangelho e sua sabedoria como Doutor da Igreja. Conta-se que ele chegou a pregar para os peixes quando as pessoas não quiseram ouvi-lo, e um cardume surgiu com as cabeças para fora d'água, demonstrando sua habilidade de reunir até mesmo os seres da natureza.
A presença do Menino Jesus em seu colo reflete sua proximidade com Jesus Cristo e seu dom da pregação.
O lírio, por sua vez, simboliza sua castidade e pureza de coração, além de representar a estação em que o santo alcançou os céus.
Já o cabelo raspado no centro da cabeça, chamado de tonsura, representa seu voto de castidade e renúncia às vaidades.
Na sua cintura vemos um terço e um cordão. O terço na cintura demonstra sua dedicação à oração. Enquanto o cordão com três nós, que faz parte do hábito franciscano, representa os votos perpétuos de obediência, pobreza e castidade.
Assim, através de todos esses elementos, a imagem de Santo Antônio nos traz uma mensagem de fé, sabedoria, pobreza, pureza, oração e devoção.
Curiosidades sobre a vida de Santo Antônio
Devido à colonização portuguesa, Santo Antônio de Pádua se tornou um nome famoso e querido em terras brasileiras. Conhecido como o santo casamenteiro e das coisas perdidas, ele se tornou parte da cultura e da história do país.
Sua fama como casamenteiro se deve a uma história curiosa em que ajudou uma moça a conseguir seu dote para o casamento. Além disso, é considerado um intercessor em causas perdidas e um protetor para encontrar objetos perdidos.
Parece que sua ajuda funciona mesmo! Em 1981, foi feita a exumação do seu corpo e o osso da mandíbula do santo era exposto como relíquia no Santuário onde ele havia sido enterrado, em Pádua. Porém, 10 anos depois, em 1991 a relíquia foi roubada e os ladrões exigiram dinheiro para devolvê-la.
Acontece que, pouco tempo depois, o osso do santo foi misteriosamente recuperado no aeroporto de Roma, que é o mais movimentado da Itália! Esse fato aumentou ainda mais a sua fama de intercessor das coisas (e causas) perdidas!
Esse santo tão especial também é homenageado por meio de cidades e igrejas com seu nome. Ao todo, 38 municípios brasileiros têm o nome de Santo Antônio, desde cidades no Rio Grande do Sul até o Amazonas.
Em um curioso caso, Santo Antônio chegou a ser eleito vereador perpétuo de Igarassu, uma cidade em Pernambuco, com a função de proteger e ajudar os mais necessitados. Para isso, ele recebia um salário mínimo mensal que se tornava doação para um orfanato.
Através de novenas e orações devocionais, muitas pessoas, ainda hoje, buscam a ajuda e o amparo desse santo tão querido. Seja para buscar um amor verdadeiro, seja para encontrar um objeto perdido.
Tradição em Governador Valadares
A devoção a Santo Antônio em Governador Valadares fica ainda mais latente nos primeiros dias do mês de junho.
Isso porque, entre os dias 1° e 13 deste mês, é realizada a “trezena de Santo Antônio”, na Catedral da cidade, seguida das famosas “barraquinhas”, que acontecem na rua em frente ao santuário.
São 13 dias de oração, missas, festa, brincadeiras e muita comida gostosa! Esse evento já virou tradição na cidade, atraindo visitantes de todos os bairros e regiões próximas e de todas as idades. A arrecadação do evento é destinada a benfeitorias sociais e aos projetos da comunidade.
Como não poderia deixar de ser, sempre marcamos presença neste importante e tradicional evento da cidade!
Durante os 13 dias de barraquinha, os visitantes podem comer comida gostosa, ganhar brindes na “boca do palhaço” e na pescaria e navegar sem limites no Wi-Fi gratuito Ibi Internet, a ganhadora do Prêmio de Melhor Internet Regional do Brasil!
E aí, curtiu conhecer um pouco mais sobre o padroeiro da cidade de Governador Valadares? Compartilhe com quem você achar que pode se interessar também!