Você já assistiu a algum episódio da série Black Mirror, que estreou sua 6ª temporada recentemente na Netflix?
Se você conhece a série, já deve imaginar do que se trata o título deste texto e qual a relação dele com a imagem que está aqui. Mas, se você não faz ideia do que estamos falando, se liga:
Black Mirror é uma série de ficção científica que explora as consequências inesperadas das novas tecnologias. O mais assustador: numa sociedade não muito diferente da nossa.
Quer entender um pouco mais sobre a relação da série com a tecnologia? Vem com a gente!
Entenda, também, porque estamos falando disso com uma imagem da campanha comemorativa de 70 anos Volkswagen. Continue por aqui e leia o texto na íntegra!
Bem-vindo ao “espelho negro”!
Black Mirror, série de televisão britânica que já está na sua 6ª temporada no streaming Netflix, nos transporta para um universo distópico e perturbador. Criada por Charlie Brooker, a série nos mergulha em uma antologia de histórias de ficção científica.
A série traz episódios com histórias, enredos e personagens independentes. Eles exploram os lados obscuros e satíricos da sociedade moderna, trazendo à tona as consequências inesperadas das novas tecnologias.
Cada episódio é uma obra-prima autônoma, ambientada em um presente alternativo ou em um futuro próximo, nos fazendo questionar a nossa própria realidade. Charlie Brooker descreve a série como um espelho sombrio da forma como vivemos atualmente e como poderíamos viver em um futuro não tão distante.
Esta série nos faz questionar nossa própria existência! Além disso, nos lembra que devemos repensar o papel da tecnologia em nossas vidas e o impacto que ela pode ter em nosso mundo. Principalmente, em um mundo hiper conectado.
É uma série que nos confronta com nossos próprios medos, desejos e anseios. Ela nos mostra que o futuro que construímos está diretamente ligado às escolhas que fazemos no presente.
Neste universo fascinante, a ficção científica se encontra com a realidade.
Black Mirror da realidade
Por falar no encontro da ficção com a realidade, você já parou para pensar o quão próximo nós estamos deste universo Black Mirror?
Recentemente, um comercial comemorativo dos 70 anos de uma fabricante de carros deu o que falar pelo uso da Inteligência Artificial. Eles colocaram em cena a cantora Elis Regina, falecida em 1982, juntamente com a sua filha, a também cantora, Maria Rita. A propaganda utilizou uma técnica conhecida como "deepfake", que faz montagens realistas com rostos de pessoas.
Muitas pessoas se emocionaram com o encontro de gerações e com a possibilidade, até então inédita, de se ter mãe e filha em cena, juntas, na atualidade. Elis Regina foi uma cantora visceral que leva consigo, até hoje, mais de 40 anos após sua morte, uma legião de fãs.
Para criar um vídeo com a presença de Elis em 2023, a Volkswagen recorreu ao uso de uma atriz dublê para representar a cantora enquanto dirigia o veículo. Posteriormente, por meio de uma tecnologia de reconhecimento facial, o rosto de Elis foi inserido na filmagem.
A empresa utilizou redes neurais artificiais para combinar o rosto da dublê com a imagem recriada de Elis Regina, resultando em uma aparência autêntica. É importante ressaltar que a voz presente no vídeo é original da talentosa cantora.
Segundo o filho mais velho de Elis, João Marcelo Bôscoli, a campanha teve autorização de todos os filhos. Eles acreditam que esta seja uma oportunidade de sua mãe ser apresentada às novas gerações.
Questões éticas do uso da tecnologia
Algumas questões foram levantadas a partir desta propaganda, principalmente em relação ao uso da tecnologia:
É certo utilizarmos a tecnologia para “trazermos à vida” pessoas que já faleceram? Principalmente em uma situação comercial, que tem objetivo de lucro?
O CONAR - Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária chegou a abrir um processo ético para avaliar se esta campanha fere o Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária. Em nota, a Volkswagen afirma que "a utilização da imagem de Elis Regina na campanha foi acordada com a família da cantora".
Se a Elis estivesse viva, ela gravaria este comercial? Nunca saberemos!
O fato é: o comercial trazer imagens que a Elis nunca realizou enquanto viva. Isso nos faz questionar se as imagens que vemos hoje, através de telas, são reais ou não. Uma vez que foi possível manipular uma imagem, a ponto de mostrar alguém que já não está mais vivo fazendo algo que nunca fez, seria possível, então, manipular qualquer tipo de imagem.
Os mais alarmistas afirmam ainda que “nunca mais poderemos confiar em imagens”, apenas naquilo que vemos ao vivo. Será mesmo?
Isso é muito Black Mirror… Bem-vindo ao espelho negro!
Se você estiver curioso para assistir à série, basta utilizar sua internet de ultravelocidade da Ibi Internet e navegar sem risco de travamentos no melhor momento!